Cientistas descreveram a descoberta de microplásticos nas placentas como “questão de grande preocupação” depois que a pesquisa identificou uma variedade de substâncias sintéticas em amostras de tecido relativamente pequenas.
Na Itália, mulheres que participaram do estudo não tiveram complicações com o nascimento de seus filhos e o efeito das minúsculas partículas de plástico ainda é desconhecido.
No entanto, especialistas sugeriram que os plásticos podem fornecer um meio para que produtos químicos prejudiciais danifiquem o sistema imunológico de um feto em desenvolvimento.
Pesquisadores do Hospital Fatebenefratelli de Roma, especializado em pediatria, e da Universidade Politécnica delle Marche declararam:
Com a presença do plástico no corpo, o sistema imunológico é perturbado e reconhece algo que não é orgânico.
É como ter um bebê ciborgue, não mais composto apenas de células humanas, mas uma mistura de entidade biológica e entidades inorgânicas.
O principal autor do estudo, Antônio Ragusa, chefe do departamento de obstetrícia e ginecologia da Fatebenefratelli, disse que “as mães ficaram chocadas”.
A equipe de pesquisa encontrou 12 fragmentos microplásticos em quatro placentas (entre seis que foram doadas) por mulheres após o nascimento de seus filhos.
Apenas 3% do tecido de cada placenta foi analisado, sugerindo que o número total de pedaços de microplásticos pode ser muito maior.
O Dr. Ragusa disse que se assustou:
Quando vi pela primeira vez microplásticos na placenta, fiquei espantado.
O artigo da pesquisa informa que todos os plásticos eram pigmentados:
“Três foram identificados como polipropileno tingido de polímero termoplástico, enquanto em outros nove foi possível identificar apenas os pigmentos, todos usados para revestimentos artificiais, tintas, adesivos, gessos, tintas a dedo, polímeros e cosméticos e cuidados pessoais produtos.”
Os pesquisadores notaram que, no último século, a produção global de plásticos atingiu 320 milhões de toneladas por ano, e mais de 40% são usados como embalagens descartáveis, contribuindo, portanto, enormemente para os níveis de resíduos plásticos.
Dentro das células humanas, os microplásticos são tratados como corpos estranhos pelo organismo hospedeiro e isso pode desencadear respostas imunes localizadas.
Obstetras e parteiras usaram luvas de algodão para ajudar as mulheres em trabalho de parto.
Na sala de parto, apenas toalhas de algodão foram utilizadas para cobrir o leito das pacientes, e o cordão umbilical foi pinçado e cortado com tesoura de metal, para evitar o contato com o plástico.
Os patologistas também usavam luvas de algodão e bisturis de metal.
Autores da pesquisa declararam que:
“Devido ao papel crucial da placenta no apoio ao desenvolvimento do feto e na atuação de uma interface entre este e o ambiente externo, a presença de partículas exógenas e potencialmente prejudiciais (de plástico) é uma questão de grande preocupação.”
(Fonte: The Independent | pesquisa está publicada na revista Environment International)